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Minha apreciação do livro “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”

Esta obra foi escrita por Luís Sepúlveda em 2008 e conta a história de Zorbas, um gato grande preto e gordo que mora numa casa perto do porto de Hamburgo. Certo dia, enquanto fazia a sua sesta, uma gaivota moribunda aterra na sua varanda. Kengah, tinha sido apanhada por uma maré negra e antes de morrer, põe um ovo e “obriga” Zorbas a fazer três promessas: não comer o ovo, e quando a sua cria nascer, tomar conta dela e ensiná-la a voar. Sem compreender a responsabilidade e dificuldade da sua missão, Zorbas aceita e jura cumpri-las.

Nesta obra conseguimos analisar e retirar vários ensinamentos para a vida, que todos nós devemos ter presente no nosso dia-a-dia, nas nossas convicções e no convívio em sociedade.

A gaivota queria aprender a voar e aos poucos começou a desistir, mas graças ao gato Zorbas e aos seus amigos não o fez e concretizou o seu sonho ”depois de cada tentativa falhada ia ficando mais triste e melancólica.”, “Estou a voar! Zorbas! Sei voar!”. Isto transmite-nos que não devemos desistir daquilo que queremos muito, e que com perseverança conseguimos sempre, apesar dos obstáculos que encontremos pelo caminho, alcançar os nossos objetivos e até realizar os sonhos mais difíceis.

A gaivota perdeu a mãe e Zorbas prometeu-lhe que iria cuidar da sua cria e ensinar-lhe a voar. E assim fez! Devemos sempre cumprir a nossa palavra, ser amigos de verdade e saber que podemos confiar nos verdadeiros amigos para o que der e vier.

O gato Zorbas abdicou do seu tempo para ensinar a gaivota “a bater asas” e também prometeu educá-la. Ao ler este livro percebemos que temos o dever de ajudar os que nos rodeiam e que precisam de nós, sem ligarmos a sexo, raça ou religião. “Mas és diferente e gostamos que sejas diferente”. Mesmo todos diferentes somos todos iguais, vivemos e partilhamos todos o mesmo planeta “contigo aprendemos uma coisa que nos enche de orgulho: aprendemos a apreciar, a respeitar e a gostar de um ser diferente. É muito fácil aceitar e gostar dos que são iguais a nós, mas fazê-lo com alguém diferente é muito difícil, e tu ajudaste-nos a consegui-lo”. Gostar de pessoas diferentes é enriquecedor, gostam de coisas diferentes e aprendemos todos uns com os outros. O que seria do mundo se fôssemos todos iguais? Uma tremenda chatice!

Está presente também a preocupação do autor com o meio ambiente e com as crueldades que o homem pratica sobre o nosso planeta.

Gostei muito de ler esta obra que nos fala da importância da amizade do trabalho em equipa e da entreajuda que deve existir nos Homens.

Luis Sepúlveda nasceu em Ovalle, no Chile em 1949 e escreveu uma vasta obra literária. Com o livro A Sombra do que fomos, ganhou o Prémio Primavera de Romance em 2009 e em 2016 foi galardoado com o Prémio Eduardo Lourenço. Faleceu recentemente em Oviedo, Espanha, no dia 16 abril 2020, vitima de Covid-19. A notícia da sua morte foi recebida com grande choque por muitos que o admiravam. Citando alguns deles “era um grande contador de histórias”. Um homem generoso na escrita e na vida, combativo, sonhador e resistente que era amado pelos leitores e pelos amigos que o vão recordar para sempre.

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