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                                                       Procura-se a Amizade

    Ando à procura da Amizade.

    Ela é leve como uma pena e passa rapidamente como o vento. Normalmente veste-se com muitas cores e os seus cabelos são de sol e lua. A Amizade é muito difícil de conseguir e muito fácil de se deixar fugir.

     Podemos dizer que ela é alguém belo com um lado teimoso, mas quando alguém lhe agrada, a teimosia passa a uma grande generosidade.

    Se alguém a encontrar, agradecia que batesse à porta da casinha situada na  Rua Coração Sozinho, nº1, resto do chão, na cidade Alegria. Irás dar logo com ela. Uma rua estreita, escura e triste comparada com as outras. É só bateres à porta. E como a Amizade não consegue viver só com uma pessoa, a recompensa é partilhares comigo a Amizade e ganhares um amigo.

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L. V

                                                               

                                                                   

 

 

 

                                                                      Uma nova fase

 

    Fiz hoje os meus treze anos e sempre pensei que chegaria finalmente à luz no fundo do túnel. Porém, os adultos batem sempre na mesma tecla: “E os namorados?”, “Já és adulta para fazer isto, “ E gostas de alguém”, e eu, sem papas na língua, digo que não tenho nenhum grego ou troiano para agradar, e como de pequeno se torce o pepino, faço as minhas tarefas.

    Na escola, anda tudo armado em cangalheiras, e são capazes de correr seca e meca só para espalhar um boato. Também são todos uma Maria vai com as outras, com as modas, e a imitar os pais, a julgar e a questionar. Ando sempre a bater com a cabeça na parede.

    Depois de acertarem agulhas comigo, de que não vão dizer nem contar a ninguém, quando abro o meu coração, já as pessoas do cu de Judas sabem tudo, e o pior é que só me apercebo disso, quando alguém me abre os olhos…

    Agarro-me com unhas e dentes aos que me parecem ser amigos, até levar com um balde de água fria. Nessa altura só me apetece arrancar os cabelos!

    Agora, com os meus treze anos, pus as cartas na mesa, e já estava com a corda ao pescoço, até que ela aparecer. Ela deu-me uma mãozinha, deu luz ao lugar onde judas perdera as botas, a um lugar de bisbilhotice e infidelidade… Estava pronta para tirar o cavalo da chuva quando ela me deu força.

    Quando ela chegou à escola nunca lhe dei troco e agora somos melhores amigas de pedra e cal. Quando nos tentam insultar, dizer que eu a mudei e que ela me mudou para pior, nós sabemos de olhos fechados, que é dor de cotovelo, e somos generosas ao ponto de lhes oferecer um creme, e mandamo-los ir chatear o camões. Pobre do poeta! Juntas estamos armadas até aos dentes e sempre que acordo com os pés fora da cama, ela dá-me força. Estamo-nos nas tintas se não aprovam, e por ela sou capaz de encostar a roupa ao pelo. Fazemos vista grossa aos insultos, e acho que esses são alguns dos motivos que deixaram a nossa amizade mais forte.

    Por ela metia as mãos no fogo.

    O melhor desta amizade é que nenhuma de nós bate bem da bola, por isso só nos rimos. E se nos chateamos pomos logo o ponto nos “is”.

    Voltando à vaca fria, isto de ter treze anos é como uma pedra no sapato, e não são as calhandreiras ou os que batem sempre na mesma tecla vão encontrar a agulha no palheiro por mim. Isto de facto é complicado, porém, quando temos aquele pilar, aquela força, esta amiga, e quaisquer outros amigos, sejam da nossa turma ou não, é muito mais fácil. Aposto que até passava esta fase com uma perna às costas. Vou é precisar de ajuda para a pôr lá.

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Margarida 

                                                                      As férias

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    Uma vez, perguntaram-me se eu gostava mais de calor ou do frio. Nessa altura eu disse que gostava mais do calor, mas não me consegui justificar. Hoje, com mais alguns anos de idade, já tenho uma resposta pronta.

    O calor pode ser uma sensação agradável ou uma sensação sufocante, pode ser a coisa mais bonita do mundo ou então pode ser um perigo horrível. Mas nesse caso, porque é que as pessoas gostam tanto do calor?

    Eu acho que é porque ele nos faz lembrar o sol, as praias e piscinas, o verão e ,sobretudo, as férias. E quem não gosta de férias? As férias são aquele tempinho de pausa que os adultos têm do trabalho e o descanso que os alunos têm das aulas e dos testes.

    Sei que há pessoas que preferem o frio, um tempinho de outono e inverno, o início das aulas e do trabalho, o reencontro entre amigos e colegas. Eu também gosto de reencontrar certas pessoas e de recomeçar a escola, porém, o que eu penso mesmo, é que as férias são fantásticas e como elas estão a começar devemos pensar em aproveitar cada segundo ao máximo.

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L. P

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                                                     Duas estrelas subiram ao céu

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     Dedicatória a todos aqueles que sofreram com o incêndio de Pedrogão Grande e com os incêndios em geral.

 

     “Dedico este pequeno texto a todos aqueles que sofreram no incêndio em Pedrogão Grande. Dedico também às pessoas que passaram e passam por tudo aquilo que os incêndios destruíram. Eu sei que nunca sofri tanto como aqueles que perderam tudo o que tinham nos incêndios, mas tentei retractar esse sofrimento apesar de nunca se assemelhar ao real…”

 

     Maria fechou com força a porta do seu quarto. Os seus olhos, que tudo tinham feito para impedir um desassossego de lágrimas, foram abaixo deixando cair um lago que transmitia tristeza.

     Porquê? Porque é que era assim a lei da vida? E porque a morte tinha de ter acontecido à sua família? Aquele incêndio tinha destruído tudo, desde todos os bens que tinham, às pessoas mais queridas. Ela tinha sobrevivido com os pais mas, e os avós? Tinham morrido entre as chamas… Quanto mais pensava nisto, mais a cama se molhava com a sua chuva de medo, tristeza e ódio…

     Foi para a janela tentando conter o choro e olhou para o céu. Como vivia no campo conseguia-se ver bem o céu nocturno e algumas estrelas que ele continha. Normalmente só via uma, mas hoje via três. Duas delas estavam muito juntas e muito reluzentes. Ela olhou profundamente para elas e logo, o seu coração se encheu de confiança. Sabia que os seus entes queridos estavam em boas mãos. Porque duas estrelinhas tinham subido ao céu. Duas estrelinhas que brilhavam mais do que mil todas juntas. Duas estrelinhas que eram esperança juntas…

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                                                                         CARTA DO FUTURO PARA MIM

 

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                                                                                                                                Lisboa, 5 de Dezembro de 2049

Olá Leonor,

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    Sou eu, a Leonor, a tua alma gémea desde sempre. A verdade é que somos exactamente iguais, mas tu és o meu passado e eu o teu futuro. Espero que continues a mesma pessoa trapalhona, a fazer as coisas sem bater a bota com a perdigota e como primeiro conforto o “mundo da lua”. Sempre gostei de mim assim, envolvida em memórias de que já não me lembro, mas que gostaria de voltar a ver.

    Vais ter muitas surpresas reservadas para o futuro: boas e más, mas todas te vão ser essenciais para o teu crescimento e para evoluíres de tempo em tempo. Para aprenderes novos horizontes, horizontes que já se cruzaram no teu caminho, contribuindo para a minha felicidade e por vezes para a minha tristeza.   Agora, penso que se calhar há uma enorme diferença entre 11 e os 45 anos, e ainda vais ver e ouvir, muito e muito “blá, blá, blá”, alguns mesmo assim e outros que passam e entram sorrateiramente.

Então e os pais? Cuida bem dos meus pais e deveras teus e dos teus (e meus) irmãos. Aqueles três diabretes, gritando e correndo sem parar. Agora, acho eu, um pouco mais civilizados.

    Ai, tanta coisa que te podia contar! Nada para te dizer, porque tens de viver o presente segundo a segundo, minuto a minuto e ter a certeza que todos os momentos estão a ser bem merecidos do teu tesouro: a tua vida! A tua vida, a tua família, o teu saber e tudo o que gostas e amas. Mesmo aqueles que menos valorizas te podem ensinar algo. Porque um puzzle não se diz completo sem aquela peça que se perdeu, ou que não se encontrou. E pensamos “é só uma”, mas essa passa por muitas.

    Ouve e escuta as várias regras importantíssimas: ter a verdade como língua natal, e uma bondade e solidariedade até ao infinito. Tu sabes, que a beleza superficial não conta e a beleza do coração, por vezes é invisível. Tenta vê-la! Vê também o justo do injusto e a resposta às perguntas. O respeito e a palavra já dita que fazem parte do nosso passado. Tudo isto e a imaginação. Sobe e desce. Dá e leva. Espalha e recua. É um valor fantástico, que dá fruto igualmente maravilhoso e maduro. Tudo e mais algum. Criatividade que ajuda a mostrar o que somos e que a cabeça não serve só para usar chapéus. Pensa, olha, escuta. A cabeça não é pequena, mas por si grande, muito grande, enorme. E acumula, acumula, acumula… e arrumar gaveta após gaveta, pensamento após pensamento. E abrir e fechar. A tua fábrica particular. Trabalhadores a trabalhar e a dar tudo por tudo em todos os infinitos momentos do dia. E depois, descansam quando o sono vem. Por que o sonho é mágico e nem os trabalhadores o conseguem criar. Tem de vir de repente. É só afagar os lençóis, entrar no quentinho, esperar pelo beijinho da mãe e do pai …e já está! Os trabalhadores sobem para nuvens cor-de-rosa e adormecem embalados pela doce invenção. Voando pelo céu e regressando depois, de manhã, para retomarem a andança. Tudo isto que não se resume a um único conselho.

    Espero que estas propostas não sejam aborrecidas mas que entrem seriamente na tua mente.

 

BEIJOS FELIZES,

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                                                     O Cão e o Gato

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  Há muito tempo atrás havia um cão e um gato muito amigos. Eles viviam numa quinta e eram muito felizes. O cão era grande como um pónei, os seus pelos eram de ouro e os seus olhos pareciam o céu. O gato era pequeno como um caracol, os seus pelos eram cinzentos como os dias escuros e chuvosos de inverno, os seus olhos eram verdes da cor das árvores na época da primavera e ambos os dois eram amigáveis, amáveis e felizes.

            Num dia muito especial, o aniversário do gato, um grupo de homens vestidos de preto e de cara tapada bateram à porta. Toc Toc. O dono dos animais abriu a porta e os homens disseram:

            -Isto é um assalto! Queremos todo o dinheiro e ouro que tiver.

            -Não temos nada disso- disseram o cão e o gato

            -Não estamos a falar com vocês! É com o vosso dono!

            Os homens entraram na casa, dando encontrão ao dono e subiram as escadas para cima e desceram para baixo e não encontraram nada.

            -Veem?  Não temos nada de valor que possam roubar!

            -Já dissemos um milhão de vezes para ficarem calados!

            -E nós já dissemos quinhentas vezes que não temos nada.

            Os malfeitores com medo de serem denunciados pegaram no dono e arrastando-o, esconderam-no na cave, mas o cão e o gato fugiram a correr e foram até à esquadra. Estava fechada e a única entrada era escalar uma árvore e depois partir o vidro do teto e entrar. O cão disse:

            -Sobe tu primeiro e eu subo a seguir.

            -Ok, e lá subiu.

            -Meu Deus, sobes com tanta agilidade que eu diria que és um macaco! Agora sou eu a tentar subir.

            O cão tentou subir várias vezes. Pum! Pam! Clack! E caia no chão!

            -Se não conseguires, não continues a tentar escalar, podes magoar-te – disse o gato.

            -Mas depois não conseguimos partir o vidro do teto da esquadra, entrar e chamar a polícia, retorquiu o cão.

            Depois de mais de quinhentas tentativas, conseguiu finalmente trepar à árvore e fazer o que tanto desejara: ajudar o dono e fazer  o seu amigo feliz.

            A polícia foi á quinta e salvou o dono que tanto precisava de ajuda. Este ficou imensamente grato aos seus amigos que lhe salvaram a vida.

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A.O 6ºA

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                                                                         O outro lado do espelho

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    Quando eu era pequena gostava de imaginar. Mas se me perguntassem do que mais gostava de fazer no tempo livre, eu dizia que era escrever ou pintar. Não era verdade. De todas as atividades que eu poderia escolher como preferida, eu tinha escolhido uma, diferente de todas as outras. Eu sentava-me num sítio qualquer, olhava para um lado e para o outro e esperava. Passado algum tempo estranhos desenhos de animais, pessoas e personagens estranhas apareciam na minha cabeça. Depois desapareciam, um por um, e nunca mais voltavam. Mais tarde, descobri que a isto se chamava imaginar.

    Aqueles pensamentos apareciam nas mais diversas situações do meu dia-a-dia. Quando estava distraída, sem nada para fazer ou então quando estava a correr ou a brincar.

    Um dos exemplos que mais me vem à cabeça era quando a minha mãe se zangava. Nessas alturas eu não conseguia esconder o riso e ria-me dos meus próprios desenhos imaginados. Sempre que ela me pregava um sermão, transformava-se num enorme monstro de pelo grosso, áspero e eriçado e com uma cara sombria sem sorriso. Às vezes, chegava tão perto da realidade que eu até me assustava e chegava a temer que me transformasse numa rã ou que me comesse ao jantar.

    Mas quando a minha mãe brincava comigo, tratava de mim, fazia aquelas receitas deliciosas que só as mães conseguem fazer ou me dava um beijinho amoroso, o monstro esfumava-se no ar e dava lugar a uma delicada fada de mantos bordados a estrelas e que conseguia resolver todos os problemas e realizar os bons sonhos. O seu antigo e grosso pelo, dava lugar a uma pele imaculada, ornamentada com vestes brilhantes e a uns loiros cabelos retirados dos mais belos raios de sol. Assim, a fantasia tomava conta de mim e quando me apercebia, já era tarde de mais. Os meus irmãos já eram três duendes irrequietos, o meu pai um cavaleiro de espada em punho e o meu cão, Max, um dragão cuspidor de chamas ardentes.

    Outras vezes, quando andava pela rua, inventava a vida dos indivíduos que passavam perto de mim. Muitas vezes chegava perto da sua verdadeira identidade e outras vezes não. As perguntas, essas, a que tentava responder fazendo uma nova pessoa. O seu nome, idade, casado ou solteiro, tipo de casa, personalidade, e muitas outras que me ajudavam a passar o tempo.

Noutras ocasiões gostava de imaginar gente dentro dos objectos. A minha mala queixava-se de eu a sobrecarregar e juntas íamos aprender as letras e os números. E os meus peluches e brinquedos ganhavam vida quando saímos de casa. Acreditava no pai natal, na fadinha dos dentes e que existiam seres mágicos que saiam dos seus esconderijos nas noites de luar.

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No final o problema era outro. Eu não me conseguia despedir destes novos amigos e deixar que eles fugissem. Eram para mim um tesouro valioso. Assim andava sempre com um bloquinho onde escrevia ou desenhava as minhas novas ideias. Assim, uma por uma, cada personagem foi junta a um cenário, de acordo com a sua forma de ser. As bonitas paisagens de vales alegres ou planícies verdejantes quase sempre iluminadas pelo sol ou por um arco-íris, eram a moradia para novos animais coloridos e os extensos mares sem fim a casa para milhentos peixes agitados e faladores. Sim, porque aquilo que eu nunca admitia nas minhas figuras, era o facto de não falarem. Tinham todas de falar para poderem comunicar comigo.

    Porque eu era a mãe deles e como uma mãe tinha de os proteger, amar e respeitar.

  Era tudo perfeito e eu não podia estar mais feliz. Mas a felicidade não dura para sempre… Um dia, de repente, toda a minha riqueza e toda a minha família imaginária desapareceu. Todos os desenhos, todos os meus amigos, todas as criaturas evaporaram-se. Aquilo que eu mais amava e todas as minhas recordações de criança tinham sido levadas por um inimigo sem rosto nem alma. Dizia chamar-se adolescência e atravessou a minha terra de magia e alegria espalhando a tristeza e o cinzento eterno. Raptou-me e levou-me para um mundo de arrogância e vaidade, onde as pessoas estavam presas, longe do passado colorido em que antes viviam.

O inimigo gritava e mostrava a sua maldade com as regras que dizia serem as mais importantes para viver: ”Não se pode usar roupas coloridas, fitas e laços para cabelo, cadernos com princesas e brilhantes. Acabou-se os brinquedos, os jogos e as brincadeiras. Agora só podem dizer asneiras e a apanhada e as escondidas são proibidas. Acabou-se o rosa, o verde, o azul, o amarelo e todas as outras cores alegres. É só preto, preto e preto! Infância para quê? Tornem se uns rebeldes, sejam irresponsáveis e mal-educados, apertados nas calças de ganga. Não se interessem pelos outros, mas apenas pensem em si próprios”. Era o que estava sempre a dizer e o que nos afastou mais da nossa casa e do nosso coração.

    Passados muitos anos, quando estava a passear no parque, toda aquela vivacidade e imaginação dos tempos de criança renasceu dentro de mim para voltar a mostrar-me a infância.

    Só vos digo um segredo: nunca deixem que a ansiedade de serem crescidos vos transforme numa pessoa ingénua e infeliz. Nós não podemos impedir que o nosso corpo cresça, mas podemos proibir que as mais importantes e radiantes imagens antigas desapareçam do nosso coração.

    A verdade é que eu não fui corajosa e deixei-me levar por toda a maldade do mundo. Voltei a imaginar um pouco mais, mas nunca voltei a ver os meus filhinhos, amigos e companheiros imaginários. A ser verdadeiramente uma criança. Talvez um dia os volte a encontrar. Talvez um dia me volte à memória tudo aquilo que inventei e que ainda está por acordar dentro de mim. Talvez eles nunca me tenham deixado mas eu é que os tenha deixado a eles. Talvez…

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L. V

14/01/2017

                                         

 

 

 

 

                                                Partidas e Risadas 

                                         

          Era uma vez, há muitos e muitos anos, uma menina que não era desta terra e que nunca soubera como aqui tinha vindo parar.

            Ela tinha cabelos loiros e radiantes como os raios de sol, em que só apetecia apanhar uns belos banhos de sol e uns olhos de um azul tão forte e profundo como o Oceano, onde dava vontade de mergulhar. Por sinal, esta menina chamava-se Catrina. A menina era muito divertida, mas disso ninguém sabia.

            Mas havia uma coisa que a tornava uma rapariga especial. Eram os olhos! Estes, tal como apetecia às pessoas fazer, davam mesmo para neles mergulhar. Assim como nas histórias mágicas que nos contam antes de adormecermos. Mas isto era o que ela dizia e em que ninguém acreditava. Só mesmo o senhor Dinis, um senhor já de idade e muito sábio, mas que toda a gente achava um pouco tonto, acreditava nela.

            Certo dia, o senhor Dinis, decidiu investigar melhor o assunto. E com todas as certezas. Pois sim, foi mesmo com todas as certezas, pois sem elas, caso não fosse verdade, iria passar uma grande vergonha!

            Ao cair da noite, o senhor Dinis reviu o seu plano, que engendrara durante a tarde.

            Ao terminar, convencido da sua validade, meteu mãos à obra. E quando todos os habitantes do seu bairro estavam a dormir, incluindo a Catrina, o senhor Dinis, pé ante pé, mas rápido, foi ter a casa da rapariga para tentar mergulhar nos olhos desta. Devo agora acrescentar que a Catrina dormia de olhos abertos, o que era estranho, mas dava jeito para o plano do senhor Dinis.

Infelizmente, o belo plano do senhor Dinis falhou. O senhor chegou a pensar que o que estava a fazer era uma palermice, mas lembrou-se:

«Um homem nunca volta atrás com a sua palavra».

Decidido, continuou com o seu plano. Mas ansioso como estava, esqueceu-se do que tinha lido sobre pessoas “especiais” - que tinham um pozinho mágico no seu corpo, um pozinho protetor, para ninguém roubar os seus poderes. Quando disso se recordou, ainda tentou sair de perto da menina, mas parecia que um vento muito intenso o estava a empurrar para longe e, num abrir e fechar de olhos o pobre senhor Dinis foi soprado dali para fora.

            O pobre senhor acordou ainda meio tonto num sítio desconhecido. Mas como era um investigador de alta qualidade, lá como ele dizia, foi investigar que sítio estranho era aquele. Depressa descobriu, muito assustado, que estava num mundo paralelo, onde, em vez de seres humanos, existiam dinossauros pensadores e, mais do que isso, assustadores!

            O velho senhor procurou manter a calma, e dificilmente conseguiu, mas quando deu por isso viu um desenho igual aos olhos da Catrina. Só podiam ser os olhos dela! O senhor Dinis sem pensar duas vezes, não hesitou e atirou-se para o meio dos olhos, ou melhor o que ele achava que eram os olhos, e esperou ser levado da mesma forma que tinha sido trazido, mas isso não aconteceu, pois ele não se lembrou que estava num mundo paralelo. Quando se estardalhou no chão, com um grande galo na testa, aí sim percebeu que como estava num mundo paralelo, tinha de pensar nalguma coisa que fosse o contrário dos olhos da Catrina. Pôs-se então a pensar, pensou e pensou, tanto pensou que cansado adormeceu.

            Passadas umas horas o senhor Dinis acordou. Nada como uma bela soneca para arrebitar as ideias! Tendo em conta de que tinha que procurar uns olhos mágicos que o levassem até ao seu mundo, lembrou-se de olhos cinzentos e frios, daqueles que metem medo, provavelmente olhos de um Tiranossauro Rex!

            Depois de muitas horas de procura, o senhor Dinis encontrou uns olhos tais como os que procurava. O problema é que a dona desses terríveis olhos, era uma tal senhora Tiranossaura. O senhor Dinis queria mergulhar naqueles olhos, mas evitar aquela boca cheia de dentes. Todo contente da vida atirou-se para o meio dos olhos e aí sim foi levado para terra, da mesma maneira que fora trazido para lá.

            Na volta para o seu mundo lembrou-se de que aquele pozinho mágico lhe poderia trazer consequências, e por acaso nesse preciso momento ele adormeceu, e só acordou no dia seguinte a achar que tinha desmaiado.

            Nessa mesma manhã, a Catrina foi ter a casa do senhor Dinis desmascarada, e agora perguntam-me assim: Mas porque é que estás a dizer que ela apareceu desmascarada? Ela não era mesmo especial? E depois eu respondo: Não, eu não disse ao início que ela era muito divertida, então, pois era uma partida que ela estava a pregar ao seu avô! E vocês espantados dizem-me: A sério? , Bem, ok, então só tenho a dizer que ela faz muito bem partidas!

            E pronto, continuando, quando o senhor Dinis percebeu que era uma partida ficou na risada com a neta!

            E assim viveram numa grande cena de partidas e risadas!

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 M.S  6ºA

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                    O fabuloso caso da árvore que crescia para baixo

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            Há muitos anos, eu vivi um acontecimento muito divertido com os meus amigos, que ainda hoje está no ar, e, eu vou contar-vos isso mesmo: o acontecimento.

            Nós tínhamos todos o cabelo loiro. O meu e o da Alexa era longo e ondulado, já o do Duarte e o do Quico era curto meio rapado e em crista.

            Todos costumávamos ir juntos para a escola, e nesta havia um dia em que todos os alunos tinham de levar comida. Mas para dizer a verdade nunca percebi porquê.

            O Quico era o mais guloso, então levou farinha para fazer panquecas, bolos e coisas do género.

            Nesse mesmo dia, no caminho para a escola, ele deixou cair um pacote de farinha no chão, mas, felizmente tinha com ele mais quatro. O Duarte que era o mais curioso, reparou que havia uma sementinha no chão. E, no nosso ponto de vista, meu e da Alexa, a sementinha estava a desaparecer, e em sintonia exclamamos que era um fabuloso caso em que nasceu uma árvore para dentro da terra!

            O Quico aproximou-se do buraco para ver se havia lá farinha, acabou por cair e o Duarte curioso também se atirou. Eu e a Alexa decidimos entrar para cuidar deles, não fosse o Duarte com tanta curiosidade, ir para onde não devia e o Quico com a sua gulodice entrar para outro sítio. Quando entramos apanhamos uma grande surpresa pois aquilo era o máximo: cada um de nós se sentava num ramo e era engraçado, pois quando se caia, ia se para o "nosso mundo".

            O nosso grupo colocou uma fechadura na entrada da árvore e desde então, esse é o sítio onde nós contamos os nossos segredos. E é por isso que, antes de vos explicar este acontecimento, eu disse que ainda estava no ar.

            Assim se passou o fabuloso caso da árvore que crescia para dentro da terra!

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M.S 6ºA

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                     À compra de recursos estilísticos

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     Há algum tempo atrás, vivia na cidade uma mulher muito bonita com cabelos de oiro e olhos azuis como duas pedras preciosas chamada Alice. Vá se lá saber porquê, ela adorava ir às compras. Sempre que alguém comentava que precisava de ir ao supermercado comprar isto e aquilo, a Alice dizia:
     - Deixa estar, eu vou!
     Era tão frequente ver esta mulher no supermercado, que já todos os funcionários a conheciam: empregados, patrões, aquelas senhoras que trabalham nas caixas, e até muitos clientes a conheciam! Mas havia uma senhora, a Sra. Rosa, de quem a Alice era especialmente amiga.
     - Alice, é para aí a milésima vez que te vejo esta semana – afirmava a Sra. Rosa.
     - Qual é a desculpa que tens para estares outra vez aqui? – perguntava a senhora da limpeza.
     - Tenho uma amiga minha que anda sempre no supermercado. Onde já se viu? – segredavam os clientes.
     - Ão, ão, ão! – ladrava o cão do segurança contente por a ver pela segunda vez naquele dia.
     - Miau, miau! – miava o gatinho às manchas da Sra. Rosa sempre que a Alice se aproximava dele para lhe dar festas.
     Num dia em que céu estava coberto de nuvens negras como carvão, lá foi a Alice às compras. No caminho, porém, foi surpreendida por uma tempestade. As nuvens choravam e os trovões rugiam. A chuva caía sobre o passeio:
     - Ping, ping, ping…
    «Mas que tempestade esta, vou chegar encharcada! O meu marido disse-me quinhentas vezes para não sair, mas não liguei» pensou.
     Quando chegou ao supermercado, molhada até aos ossos, parecia um pinto, mas não se importou.
     - Então, Alice de que vais precisar hoje? Papel higiénico, azeite ou ambos os dois? – interrogou a Sra. Rosa.
     - Ovos, puré, açúcar, fruta, pão e uma abóbora das grandes – respondeu a Alice.
     - É tudo para si? – quis saber a amiga.
     - Não. Os ovos e o açúcar são para a minha mãe, o pão é para a minha prima, a fruta é para o meu irmão e a abóbora é para a minha sopa – explicou a Alice. E começou as compras.
     Passados meses, a Alice ficou grávida de uma menina e foi comprar umas roupinhas. Escolheu um vestido que era um jardim florido na primavera e ainda ursinho de peluche que estava a olhar para ela com olhos de amêndoa e com um ar muito fofinho. Nos primeiros dias de vida da filha, a Alice ficou em casa sem ir ao supermercado. Ouvia-se toda a gente a comentar milhentas vezes ao dia que aquela senhora que andava sempre no supermercado não lá ia há uma semana. Foi, depois, a Sra. Rosa que lhes explicou.
Como tinha de cuidar da filha, a Alice diminuiu o tempo que passava no supermercado, embora continue a ser o seu passatempo favorito.

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 T.M 6ºA

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  Era uma vez uma pintura. Bem, na realidade era uma entre muitas, mas mesmo assim,

sentia-se sozinha no meio daquela loja. As outras pinturas “tão belas”, eram compradas e

levadas para casa de gente que as admirava. Esta não e, embora não fosse muito bonita

para uns, esperava que alguém um dia a visse com outros olhos.

Os dias e semanas e os meses foram passando e sempre que alguém olhava para a pintura,

esta tinha sempre esperança que a levassem, mas quando via as pessoas afastarem-se e

pegarem noutro quadro sentia uma profunda tristeza. “Por que é que as outras são mais

bonitas do que eu?” perguntava-se todos os dias. Primeiro, pensou que era por as outras

terem mais cores, pois havia várias pinturas com imensas cores muito animadas e ela tinha

menos cores e não tão animadas (vermelho, castanho, amarelo e azul), mas rapidamente

descartou essa hipótese. Já tinha visto pinturas só com preto, branco e cinzento a serem

vendidas, não devia ser isso. Depois, pensou que era por ser muito grande e não haver

espaço para ela na casa das pessoas, mas também desistiu da ideia, porque, apesar de ser

das maiores pinturas da loja, já tinha estado ao lado de uma pintura muito maior que ela e

que foi comprada logo no segundo dia de exposição. A seguir, pensou que era por ser muito

cara e esta foi a possibilidade que durou menos tempo. Pelo menos, mais de metade das

pinturas da loja eram mais caras que ela! Foi então que se apercebeu que todas as outras

pinturas tinham um desenho e ela não. Ela era só manchas de tinta espalhadas pela tela,

sem nenhuma forma ou significado, ao contrário das outras que se percebiam claramente

se eram um jardim, um peixe ou qualquer coisa. Este pensamento entristeceu-a e fê-la

pensar que nunca seria estimada por ninguém.

Um dia, porém, uma menina entrou na loja com um senhor que aparentava ser o pai.

     - Querida, escolhe a pintura que quiseres para pôr no teu novo quarto – disse o senhor.

A menina deu algumas voltas à loja e por fim, ficou a olhar para aquela pintura que ninguém

queria e disse:

    - Quero esta!

    - Mas, querida, o que é esta pintura? Um elefante, um sino?

    - É uma pintura abstrata, pai, dei isso na escola. Não tem exatamente uma forma, mas eu

sei precisamente o que ela é. Para mim, é a pintura mais bonita do mundo!

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