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A Aia

“A Aia”, é um conto escrito por Eça de Queirós, onde podemos encontrar as características da prosa queirosiana. O advérbio de modo é usado e explorado (“magnificamente (…) desoladamente (…) ansiosamente”). O verbo é usado na caracterização (“reluziam, cintilavam, reflugiam”) e os adjetivos também desempenham um papel relevante. São também utilizados diversos recursos estilísticos (“á maneira de um lobo”).

Este conto, com um narrador heterodiegético, mas que vai dando a sua opinião, relata a história de um reino na India em que o rei morreu na guerra, deixando a sua mulher e o seu filhinho bebé desamparados. Desta forma, o seu irmão bastardo, que há muito o invejava, decidiu atacar o herdeiro ao trono. A rainha tinha uma aia que cuidava do principezinho e do seu filho, pois estes tinham nascido no mesmo dia. A Aia trata o pequeno príncipe com muito amor, mas principalmente respeito. Certa noite, o bastardo atacou o palácio, dirigindo-se ao quarto onde a Aia e os bebés descansavam. Ao prever a cena seguinte, a ama trocou-os de berço, sendo o alvo da fera, o escravozinho.

O bastardo foi morto, e a criança que levava também, até que a Rainha percebeu que o seu filho permanecia vivo e “abraçou apaixonadamente a mãe dolorosa” chamando-a de irmã. A recompensa de tal ato de lealdade foi a escolha de algum tesouro à sua escolha. A ama, era uma mulher de fé e acreditava que após a morte, as coisas permaneciam da mesma forma que na Terra (o rei continuava a reinar e o escravozinho estava bem). Desta forma, a Aia escolhe um punhal e crava-o no coração de forma a retornar a ver o seu filho.

Apesar de triste, é um conto repleto de valores: o Amor, na forma como a ama trata das crianças e as protege; a Lealdade, porque esta sacrifica o próprio filho para salvar o principezinho; a Ingenuidade, pois a Rainha acha que qualquer tesouro pode substituir um filho, ou recompensar o tal ato da Aia, mas na minha opinião, a fé é o valor que mais se destaca e que mais marca. A forma como a criada reage e pensa, baseia-se na fé! Ela lidou com a morte do rei, baseando-se que este continuava a reinar, porém noutro sitio diferente e acabou por se massacrar e sacrificar acreditando que iria rever os seus falecidos: filho e rei.

Este foi um conto que me tocou muito! Está organizado de forma cronológica e o suspense vai acompanhando. Fui sentindo ansiedade e nervos e acabei por sofrer no final. Mas este sentimento traz paz consigo: a paz de que todos estão num lugar melhor e a paz de que a Aia teve finalmente a sua recompensa: o reencontro com o escravozinho, que acima de tudo era o seu tão amado filho.






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