Interpretação da "Saga"
"Saga” é um dos capítulos incluídos na obra Histórias da Terra e do Mar de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Uma das aceções da palavra saga é: “uma história de uma família que abrange várias gerações” e, de acordo com esta definição, podemos afirmar que esta é a mais adequada à história, uma vez que fala da vida de Hans, dos seus filhos e netos, do seu pai Soren e até dos seus tios que morreram num naufrágio.
Resumidamente, este conto fala de Hans, um rapaz que fugiu de casa, como grumete de um navio, e que deste modo desafiou a vontade dos pais, uma vez que estes não o deixavam abandonar Vig, a ilha onde a família sempre vivera e crescera. Desde muito cedo que o pai alertara Hans para não se aproximar do mar por causa da tragédia que já havia acontecido na família mas, a sua paixão pelo mar não o demoveu e ele partiu rumo ao desconhecido.
Após inúmeras viagens, a personagem principal chega a uma cidade do sul, o Porto, onde fica para o resto da sua vida. Foi aqui que foi acolhido por Hoyle um comerciante inglês que se tornou o seu pai adotivo, deu-lhe casa, pagou-lhe os estudos e mais tarde veio a herdar a sua empresa e fortuna.
Apesar de toda a sua fortuna, herdada de Hoyle, e da sua felicidade familiar, família essa que mais tarde veio a formar, o seu desejo de regressar à sua terra natal e de obter o perdão do seu pai sempre se manteve no seu coração. Como tal, de tempos em tempos, ele enviava cartas, cuja resposta era sempre a mesma: “Manda-me o teu pai que te diga que não voltes a Vig, pois não te receberá”.
Esse contacto com a sua terra natal quebrou-se quando ele soube do falecimento da sua mãe. No entanto, a sua paixão pelo mar nunca se perdeu e era com os seu netos que partilhava as suas histórias e aventuras no mar. No final da sua vida pediu-lhes que construíssem na sua sepultura um navio naufragado.
Concluindo, Hans nunca conseguiu voltar a Vig ou ser perdoado pelos pais mas conseguiu ser capitão antes de ficar encarregue do negócio de Hoyle. Na minha opinião, para concretizarmos os nossos sonhos, temos de abdicar de algo igualmente importante, assim como no conto “História da Gata Borralheira” da mesma obra.
![](https://static.wixstatic.com/media/cd0f79_41f9e88b075c4d7493a8d41677cbe727~mv2.jpg/v1/fill/w_250,h_296,al_c,q_80,enc_auto/cd0f79_41f9e88b075c4d7493a8d41677cbe727~mv2.jpg)