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Partidas e risadas

Era uma vez, há muitos e muitos anos, uma menina que não era desta terra e que nunca soubera como aqui tinha vindo parar.

Ela tinha cabelos loiros e radiantes como os raios de sol, em que só apetecia apanhar uns belos banhos de sol e uns olhos de um azul tão forte e profundo como o Oceano, onde dava vontade de mergulhar. Por sinal, esta menina chamava-se Catrina. A menina era muito divertida, mas disso ninguém sabia.

Mas havia uma coisa que a tornava uma rapariga especial. Eram os olhos! Estes, tal como apetecia às pessoas fazer, davam mesmo para neles mergulhar. Assim como nas histórias mágicas que nos contam antes de adormecermos. Mas isto era o que ela dizia e em que ninguém acreditava. Só mesmo o senhor Dinis, um senhor já de idade e muito sábio, mas que toda a gente achava um pouco tonto, acreditava nela.

Certo dia, o senhor Dinis, decidiu investigar melhor o assunto. E com todas as certezas. Pois sim, foi mesmo com todas as certezas, pois sem elas, caso não fosse verdade, iria passar uma grande vergonha!

Ao cair da noite, o senhor Dinis reviu o seu plano, que engendrara durante a tarde.

Ao terminar, convencido da sua validade, meteu mãos à obra. E quando todos os habitantes do seu bairro estavam a dormir, incluindo a Catrina, o senhor Dinis, pé ante pé, mas rápido, foi ter a casa da rapariga para tentar mergulhar nos olhos desta. Devo agora acrescentar que a Catrina dormia de olhos abertos, o que era estranho, mas dava jeito para o plano do senhor Dinis.

Infelizmente, o belo plano do senhor Dinis falhou. O senhor chegou a pensar que o que estava a fazer era uma palermice, mas lembrou-se:

«Um homem nunca volta atrás com a sua palavra».

Decidido, continuou com o seu plano. Mas ansioso como estava, esqueceu-se do que tinha lido sobre pessoas “especiais” - que tinham um pozinho mágico no seu corpo, um pozinho protetor, para ninguém roubar os seus poderes. Quando disso se recordou, ainda tentou sair de perto da menina, mas parecia que um vento muito intenso o estava a empurrar para longe e, num abrir e fechar de olhos o pobre senhor Dinis foi soprado dali para fora.

O pobre senhor acordou ainda meio tonto num sítio desconhecido. Mas como era um investigador de alta qualidade, lá como ele dizia, foi investigar que sítio estranho era aquele. Depressa descobriu, muito assustado, que estava num mundo paralelo, onde, em vez de seres humanos, existiam dinossauros pensadores e, mais do que isso, assustadores!

O velho senhor procurou manter a calma, e dificilmente conseguiu, mas quando deu por isso viu um desenho igual aos olhos da Catrina. Só podiam ser os olhos dela! O senhor Dinis sem pensar duas vezes, não hesitou e atirou-se para o meio dos olhos, ou melhor o que ele achava que eram os olhos, e esperou ser levado da mesma forma que tinha sido trazido, mas isso não aconteceu, pois ele não se lembrou que estava num mundo paralelo. Quando se estardalhou no chão, com um grande galo na testa, aí sim percebeu que como estava num mundo paralelo, tinha de pensar nalguma coisa que fosse o contrário dos olhos da Catrina. Pôs-se então a pensar, pensou e pensou, tanto pensou que cansado adormeceu.

Passadas umas horas o senhor Dinis acordou. Nada como uma bela soneca para arrebitar as ideias! Tendo em conta de que tinha que procurar uns olhos mágicos que o levassem até ao seu mundo, lembrou-se de olhos cinzentos e frios, daqueles que metem medo, provavelmente olhos de um Tiranossauro Rex!

Depois de muitas horas de procura, o senhor Dinis encontrou uns olhos tais como os que procurava. O problema é que a dona desses terríveis olhos, era uma tal senhora Tiranossaura. O senhor Dinis queria mergulhar naqueles olhos, mas evitar aquela boca cheia de dentes. Todo contente da vida atirou-se para o meio dos olhos e aí sim foi levado para terra, da mesma maneira que fora trazido para lá.

Na volta para o seu mundo lembrou-se de que aquele pozinho mágico lhe poderia trazer consequências, e por acaso nesse preciso momento ele adormeceu, e só acordou no dia seguinte a achar que tinha desmaiado.

Nessa mesma manhã, a Catrina foi ter a casa do senhor Dinis desmascarada, e agora perguntam-me assim: Mas porque é que estás a dizer que ela apareceu desmascarada? Ela não era mesmo especial? E depois eu respondo: Não, eu não disse ao início que ela era muito divertida, então, pois era uma partida que ela estava a pregar ao seu avô! E vocês espantados dizem-me: A sério? , Bem, ok, então só tenho a dizer que ela faz muito bem partidas!

E pronto, continuando, quando o senhor Dinis percebeu que era uma partida ficou na risada com a neta!

E assim viveram numa grande cena de partidas e risadas!

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