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À compra de recursos estilísticos

Há algum tempo atrás, vivia na cidade uma mulher muito bonita com cabelos de oiro e olhos azuis como duas pedras preciosas chamada Alice. Vá se lá saber porquê, ela adorava ir às compras. Sempre que alguém comentava que precisava de ir ao supermercado comprar isto e aquilo, a Alice dizia: - Deixa estar, eu vou! Era tão frequente ver esta mulher no supermercado, que já todos os funcionários a conheciam: empregados, patrões, aquelas senhoras que trabalham nas caixas, e até muitos clientes a conheciam! Mas havia uma senhora, a Sra. Rosa, de quem a Alice era especialmente amiga. - Alice, é para aí a milésima vez que te vejo esta semana – afirmava a Sra. Rosa. - Qual é a desculpa que tens para estares outra vez aqui? – perguntava a senhora da limpeza. - Tenho uma amiga minha que anda sempre no supermercado. Onde já se viu? – segredavam os clientes. - Ão, ão, ão! – ladrava o cão do segurança contente por a ver pela segunda vez naquele dia. - Miau, miau! – miava o gatinho às manchas da Sra. Rosa sempre que a Alice se aproximava dele para lhe dar festas. Num dia em que céu estava coberto de nuvens negras como carvão, lá foi a Alice às compras. No caminho, porém, foi surpreendida por uma tempestade. As nuvens choravam e os trovões rugiam. A chuva caía sobre o passeio: - Ping, ping, ping… «Mas que tempestade esta, vou chegar encharcada! O meu marido disse-me quinhentas vezes para não sair, mas não liguei» pensou. Quando chegou ao supermercado, molhada até aos ossos, parecia um pinto, mas não se importou. - Então, Alice de que vais precisar hoje? Papel higiénico, azeite ou ambos os dois? – interrogou a Sra. Rosa. - Ovos, puré, açúcar, fruta, pão e uma abóbora das grandes – respondeu a Alice. - É tudo para si? – quis saber a amiga. - Não. Os ovos e o açúcar são para a minha mãe, o pão é para a minha prima, a fruta é para o meu irmão e a abóbora é para a minha sopa – explicou a Alice. E começou as compras. Passados meses, a Alice ficou grávida de uma menina e foi comprar umas roupinhas. Escolheu um vestido que era um jardim florido na primavera e ainda ursinho de peluche que estava a olhar para ela com olhos de amêndoa e com um ar muito fofinho. Nos primeiros dias de vida da filha, a Alice ficou em casa sem ir ao supermercado. Ouvia-se toda a gente a comentar milhentas vezes ao dia que aquela senhora que andava sempre no supermercado não lá ia há uma semana. Foi, depois, a Sra. Rosa que lhes explicou. Como tinha de cuidar da filha, a Alice diminuiu o tempo que passava no supermercado, embora continue a ser o seu passatempo favorito.

T.M

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